Concepção Filosófico-Pedagógica

conce

Com base no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), a ação pedagógica na Network visa a uma Educação Progressista, transformadora, apostando e considerando a capacidade de cada aluno na construção do conhecimento, na condição de agente, de sujeito crítico, pensante, reflexivo e transformador da sociedade. Nesse âmbito, a aprendizagem é orientada pela noção histórico-crítica, cultural e discursiva, em que o sujeito e o objeto de conhecimento se relacionam nas e pelas interações sócio-históricas e culturais, mediadas pela linguagem.

Logo, o currículo é entendido como um meio para ação-reflexão-ação, e deve dar voz à experiência vivida, dar voz à diversidade e à subjetividade no processo educativo. O currículo é um terreno de produção e de política cultural, em que as disciplinas curriculares funcionam como matéria-prima para a (re)construção e, sobretudo para a contestação e a transgressão do saber. E como meio para a apropriação dos conceitos, os conteúdos disciplinares devem integrar, de forma inter/multidisciplinar, as relações sócio-culturais, o tempo, o espaço e as relações com a natureza.

Nessa concepção, o sujeito-aluno é entendido como síntese de múltiplas relações sócio-históricas, em constante construção e (trans)formação. É compreendido na sua heterogeneidade e diversidade, as quais são entendidas não como diferenças, mas como constitutivas ao próprio sujeito. Assim, a construção do conhecimento é, ao mesmo tempo, processo e produto (ir e vir), sendo que os elementos constituintes desse processo são: a) a linguagem; b) a mediação; c) a interação; d) a apropriação; e) os conceitos espontâneos e científicos.

Dessa premissa, o ensino na Instituição visa a transformar informação em conhecimentos socialmente significativos para o conjunto da população (Noronha, 2002, p 117). Para tanto, é necessário estabelecer princípios metodológicos que orientem para a criticidade, em que o movimento ação-reflexão-ação possibilite ultrapassar o conhecimento do senso comum. O princípio da construção histórica e interdisciplinar do conhecimento, se concebido na indissociável relação teoria/prática, se desenvolve, metodologicamente, por meio de atitudes investigativas e reflexivas da prática educacional, com vistas a dar à teoria um sentido mais orgânico. Logo, a metodologia implica um processo múltiplo e integrado, que privilegia a diversidade e a heterogeneidade e a estruturação curricular estimula um movimento coletivo de trabalho inter/multidisciplinar, em que o fazer com o aluno, tão diferente de doar ao aluno, é condição absolutamente necessária para que haja produção de saberes. fazer com o aluno, tão diferente de doar ao aluno, é condição absolutamente necessária para que haja produção de saberes.

Nessa concepção, a avaliação é entendida como um processo contínuo, constituidor e subsidiador do processo pedagógico como um todo. É um processo dinâmico que qualifica e oferece subsídios à ação pedagógica. A Instituição entende educação como:

transformação social;
✔  compreensão e promoção da diversidade humana;
✔  processo permanente de (trans)formação;
✔  autonomia intelectual e atitude investigativa que parte da realidade como base para a (re)construção do conhecimento.

MUDANÇA DE PARADIGMA

Para cumprir com os princípios filosófico-pedagógicos da Network, é preciso (re)pensar o conceito de aprendizagem. Nesse sentido, remetemo-nos à noção de aprender a aprender de Régnier (1997), cujo conceito institui-se como uma mudança de paradigma, como um “novo” papel no processo de “aprender”. Este passa a ser um ato que se estende para além dos bancos escolares e redefine o papel da escola, do professor, do aluno e dos grupos sociais. Aprender como se aprende torna-se a grande tônica (RÉGNIER, 1997, apud, Eyng, 2004, p. 9).

A verdadeira aprendizagem chega ao coração do que significa ser humano. Através da aprendizagem nos recriamos, tornamo-nos capazes de fazer algo que nunca antes fomos capazes de fazer, ampliamos nossa capacidade de criar, de fazer parte do processo gerativo da vida. Desse processo formativo, decorrem os princípios da aprendizagem que integra, (Senge, 2001, p. 47):

Aprendizagem Consciente: É o processo de aprendizagem que tem como centralidade o aprendiz. Como tal, este tem condições de responsabilizar-se pela sua aprendizagem, de contribuir, de questionar(-se), de participar ativamente, de agir como auto-regulador no seu processo formativo.

Aprendizagem Cooperativa: Envolve a atuação coletiva, em que a participação do grupo gera e amplia os questionamentos e resultados, na construção do conhecimento. Quando a referência é a aprendizagem no contexto atual, destaca-se o trabalho cooperativo, a ação coletiva, que resultará na aprendizagem, na construção individual.

Aprendizagem Continuada: A aprendizagem ocorre ao longo de toda a vida e esse fato está muito ligado às experiências e à consciência de cada aprendiz. As novas demandas contextuais realçam a necessidade de atualizar-se, ajustar-se, superar desafios, dificuldades e deficiências.

Aprendizagem Interdisciplinar: O aprendiz tem condições, advindas de sua experiência, de aprender na realidade e da realidade, com as questões da vida real de seu cotidiano, aliada às condições de aprender sobre a realidade, de conhecimentos teoricamente sistematizados, possibilitando-lhe uma compreensão globalizada da realidade.

Aprendizagem Contextualizada: O aprender está contínua e intimamente ligado ao contexto em que vivencia a sua experiência. Busca aprender aspectos significativos ligados ao seu cotidiano, normalmente associados à superação e problemas práticos. Dessa forma que a aprendizagem pode ser favorecida pela problematização.

Aprendizagem Significativa: A busca de significado é fundamental para toda a aprendizagem, portanto, o aprendiz deve estar capacitado para aprender o sentido na sobrecarga de informações à qual está constantemente exposto. A aprendizagem significativa pauta-se nas condições: de vinculação substancial dos novos conhecimentos com a bagagem cognitiva do indivíduo; no material potencialmente significativo, que possua sentido lógico e psicológico; disposição positiva do indivíduo relativo à aprendizagem, tanto circunstancial ou momentânea como estrutural ou permanente.

Aprendizagem como Síntese Pessoal: A aprendizagem se realiza em um processo de interação sujeito-objeto do conhecimento, sempre mediado por uma realidade, mas trata-se de construção de síntese pessoal. Considerando o caráter ativo da aprendizagem, destaca-se que esta é fruto de uma construção pessoal, na qual não intervém apenas o sujeito que aprende, mas também os “outros” que lhe são significativos. Os agentes culturais são peças imprescindíveis para essa construção pessoal.

Coadunando-nos com esse pensar, destacamos que é fundamental que todos os atores envolvidos no processo de aprendizagem (gestores, docentes e alunos) apropriem-se desta concepção para refletir sobre os desdobramentos que essa mudança conceitual implica na vida escolar.

É salutar, pois, instrumentalizar os estudantes, razão deste Guia, para que saibam que tipo de formação estão recebendo e também o que se espera deles. Retomamos (Eyng, 2004, p.9) para explicitar os papéis da gestão, do professor e do aluno:

GESTÃO/DIREÇÃO

A gestão do processo formativo tem a concepção modificada e ampliada, deixando de ser responsabilidade de um pequeno grupo, para ser tarefa compartilhada coletivamente. A participação do conjunto dos colaboradores, entre estes a do professor, é de fundamental importância na gestão educacional. A gestão coletiva da tarefa formativa passa a se configurar como uma atividade:

✔  Democrática: que se manifesta na responsabilidade coletiva para construir e compartilhar conhecimentos;
✔  Dialógica: em que a troca, o diálogo pode gerar conhecimento e desenvolvimento;
✔  Ecológica: na inter-relação, receptividade, interconexão e interdependência do todo e de todos envolvidos.

O PAPEL DO PROFESSOR

O aprender a aprender modifica e amplia sobremaneira o papel do professor, que passa a ser o de provocar a construção individual e coletiva do conhecimento, mediante questionamento sistemático. Ao questionar, problematizar, o professor deve levar o aluno ao questionamento construtivo. O papel do professor deixa de ser o de simplesmente dar respostas, orientado pela certeza, e passa a ser o de criar dúvidas, fazer perguntas, levando o aluno a pensar e a perguntar-se. O professor deixa de ser transmissor e passa a ser mediador.

O PAPEL DO ESTUDANTE

A principal tarefa do estudante, na concepção do aprender a aprender, é conhecer-se, co-responsabilizar-se por sua formação. Logo, esmerar-se pelo auto-conhecimento, pelo desenvolvimento da auto-estima, a partir da capacidade de autodeterminar-se, da autonomia intelectual, desenvolvida com implicações na constituição da identidade. É preciso aprender a gerenciar suas estratégias de aprendizagem, buscando atividades que estimulem o intelecto e possibilitem estabelecer relações, como por exemplo, a leitura. A predisposição para o aprender do aluno é fundamental neste processo.

Observamos que os aspectos aqui destacados são referendados em Nisbet (1987, apud Eyng 2001), pelos quais ressaltamos novamente que “Aprender a aprender implica em aprender estratégias como planificar, examinar as próprias realizações para identificar as causas das dificuldades, verificar, avaliar, revisar e ensaiar”.